Inspirações...

Futebol é coisa para criança. Aqueles que ainda conseguem assistir uma partida, um campeonato com a mesma intensidade que uma criança é, com certeza, um amante do futebol. Essa é uma constatação não só minha, muitos jornalistas esportivos dizem que o seu principal público, na hora de apresentar os fatos, são os jovens com, em média, 10 anos. São meninos, ou até meninas, que assistem televisão diariamente e por muitas horas, portanto, são eles que "entendem" desse assunto. Vocês devem estar se perguntando, aonde ele quer chegar com isso? Pois bem, desde 1994 acompanho o mundo da bola. O principal motivo para que eu iniciasse essa paixão foi o fato da nossa seleção ter conquistado a Copa realizada nos EUA, em 94. Lembro-me muito bem da festa que houve em casa. Após os fogos, eu e minha família ficamos na "caçamba" da Saveiro(carro) de meu pai e saímos pelas ruas gritando: "tetra campeão, não é mole não!!!!". Isso me marcou! Também me recordo que ficava pulando na cama de meus pais, mostrando para eles como o Taffarel defendeu um dos pênaltis da final.
Até então eu tinha meus 5 anos e nem sabia o que siginificava uma Copa do Mundo vencida pelo Brasil. Só para vocês terem uma noção da minha ignorância no assunto, o futebol, para mim, era disputado por 3 times e continha 3 traves no campo (é para dar risdada, eu sei!). Só na copa de 94 que fui entender que o jogo era apenas disputado por duas equipes!

A partir desse ano meu interesse cresceu muito. Além de acompanhar o meu clube de coração, o Santos em épocas de Giovanni, passei a viver em função das Copas, Olimpíadas, Eurocopas, Copas Américas, Copa das Nações Africanas etc. Meu interesse era tamanho que ultrapassava as margens do esporte. Passei a querer entender os locais dessas nações que de 4 em 4 anos, não só disputavam com o objetivo de conquistar o título, e sim de transmitirem ao mundo a suas culturas, a cor, enfim, o jeitão de cada país. O primeiro presente que eu me recordo de ter pedido aos meus pais de Natal foi um "globo", tudo para me enterar nesse novo mundo que eu acabava de descobrir. Mergulhei definitivamente neste mundo, e hoje, sou um apaixonado pela geografia. Mas, convenhamos, isso não vem muito ao caso!

1998

A copa desse ano foi disputada na frança e vencida pelo país anfitrião. Colecionei o álbum de figurinhas, mas não o completei. No entanto, o álbum proporcionou uma maior interação sobre os jogadores e as seleções que disputariam a competição. Foi nele que aprendi que na Croácia os nativos chamam o seu país de Hrvatska, os gregos chamam o seu de Hellas, aprendi também as cores das bandeiras de Marrocos, Chile, Camarões, Áustria, Jamaica. Outra coisa que com o futebol a gente compreende são os conflitos, sejam eles geopolíticos, étnicos etc. O jogo histórico entre Irã x EUA permitiu que o mundo inteiro pudesse "ver" que o esporte une culturas e promove a paz!

2002

Eu estava na sétima série do ensino fundamental e tinha meus treze anos quando dois países se juntaram para sediar uma Copa do mundo. Coréia do Sul e Japão. Tanta rivalidade na política, e com o evento, criou-se algo em comum entre elas. Recordo que havia uma certa ansiedade por parte dos torcedores e da imprensa, todos queriam assistir a competição com mais investimento financeiro da história.

Já estava afoito com a magia da competição, minha vida parou quando ela se inciou!

Posso dizer que para mim, foi a melhor copa, mas também não sou nenhum parâmetro, já que presenciei apenas as copas de 94, 98, 2002 e 2006.

O primeiro jogo foi marcante. Uma grande surpresa africana, chamada Senegal, em combate com a melhor seleção do mundo daquele ano, a França. Com o gol inusitado de Pape Boupa Diop o mundo começou a enxergar melhor aquele país que só era lembrado quando ocorria o Rally Paris / Dakar. O Senegaleses, com o apoio do público, que aderiu essa equipe simpática, foram longe na competição. Tiraram nações do torneio como a França, o Uruguai, a Suécia, até ser impedida de se integrar às semifinais pela seleção turca. A Turquia foi outro grande exemplo de superação. Com a fanática torcida, enfrentou de igual para igual os brasileiros no jogo de estréia, depois empatou com a Costa Rica e, por fim, bateu os chineses por 3x0. Classificados para a 2ª fase, os turcos não se intimidaram e ganharam de uma das anfitriãs, deixando em lágrimas os olhinhos puxados dos japoneses. Além desse feito, a Turquia foi a grande responsável por tirar a grande sensação do torneio, o Senegal, com um gol na prorrogação. Mas nas semi, encontraram os brasileiros novamente e com um gol de "Bico", do Ronaldo fenômeno, os turcos se viram obrigados a jogar a disputa pelo bronze. E ganharam! Um jogo muito comentado pela uniãode turcos e coreanos se abraçando, se respeitando e mostrando ao mundo que o essencial é participar e propagar a paz.

Não poderia esquecer de comentar que a zebra não rolou solta apenas entre as seleções de pequena expressão. Argentina, França, Portugal e Camarões não passaram em seus grupos. Itália e Espanha ficaram nas oitavas e quartas, respectivamente.

Portanto, foi uma COPA que mexeu com o inusitado, com o diferente, bem como a minha vida naquela época, quando estava entrando na adolescência, época na qual observamos com "outros olhos" um mundo que começa a se apresentar de um outro modo.

Paulo Heitor